sábado, 15 de março de 2008

História do Mês - Soraya - MARÇO


LER PARA SER ALGUÉM... ou Layla e a maior lição da sua vida

Numa aldeia perto de Lisboa, na rua de S. João, o ambiente era calmo e sereno. Por ali não se via muito movimento, só por vezes se ouvia o vento a soprar nas noites de tempestade ou as árvores que sussurravam como se nos quisessem contar um segredo.
Embora fosse uma terra muito pequena e pouco movimentada, tinham, uma vez por ano, uma grandiosa festa, que se realizava no dia 6 de Março. Nesse dia as ruas enchiam-se de pessoas, de sons que se encontravam e formavam uma melodia. As ruas enchiam-se de prazer e esplendor, sentindo-se no ar um perfume de esperança e amor.
- Layla! - Chamou a mãe da cozinha – Despacha-te! Vais chegar atrasada à escola…
- Já vou, deixa-me jogar mais um pouco…
- Olha que vais chegar mesmo atrasada! Rápido!
- Já vou! – Disse Layla chateada.
Layla era uma menina que vivia na rua de S. João, tinha 10 anos, sardas a cobrirem-lhe as faces rosadas, cabelo loiro e fino como seda, e um coração rebelde. Era inglesa, o seu próprio aspecto e sotaque o diziam. Tinha imigrado de Londres com 6 aninhos e desde aí passou a odiar a escola, os testes, os TPC, os livros, o estudo, as ordens, os professores. Apenas a inglês tirava notas razoáveis.
Adorava os jogos, a consola, o computador, a televisão... No seu dicionário só cabiam quatro palavras: diversão, festa, brincadeira, jogos. Não estava minimamente interessada na escola.
Numa certa semana a escola de Layla entrou em obras e, como não conseguiram arranjar um estabelecimento para dar aulas, não houve outra opção se não ficar em casa.
Layla entrou em eterna alegria, pois não iria ouvir os chatos dos professores a dar ordens (pensava ela).
Os pais de Layla também nessa mesma semana haviam ganho uma viagem num concurso da televisão e assim Layla ficou em casa sozinha, o que ainda a deixou mais feliz. Iria poder fazer tudo o que quisesse.
Era a véspera do dia 6 de Março, a véspera da festa da aldeia. Layla escolheu a sua melhor roupa e sapatos e no dia seguinte, apesar da proibição dos pais, Layla foi à festa.
Divertiu-se, dançou, jogou, brincou, saltou, correu e cansou-se. Já era tarde e Layla decidiu regressar a casa, que ficava já no outro lado da rua.
Ao atravessar a estrada encontrou um rapazito mais ou menos da sua idade que lia um livro e, de tão concentrado que estava, nem viu Layla a passar.
- Olá – disse Layla, mas este não respondeu.
- Oláá - repetiu ela de forma mais rude.
- Ah, olá. - respondeu finalmente o rapaz.
- Eu conheço-te? - perguntou Layla.
- Sim, somos da mesma turma. - disse o rapaz já em pé.
- Bem me pareceu. És o Leandro, não és?
- Sim, sim.
O rapaz voltou novamente a sentar-se e a concentrar-se na leitura, mas foi novamente interrompido.
- Ora esta! Então estás aqui a ler enquanto podias estar numa festa?
- Sim. E qual é o mal? Ler é divertido!
- Divertido?! Que seca! Aliás, é tudo uma seca, a escola, os estudos, a leitura, os professores...
- Não é não, tu é que ainda não viste o verdadeiro valor da leitura! Podes fazer mil coisas enquanto lês.
- Ai sim? Dá-me então uma boa razão para eu gostar de ler!
- Não te dou apenas uma, dar-te-ei muitas… Podes viajar no tempo, para outros países, podes ir parar a mundos imaginários, podes inventar e elaborar novas histórias, podes imaginar que tu és uma dessas personagens que está no livro, viver aventuras, ao leres podes saber mais sobre ti, sobre os outros, sobre o mundo. E há formas diferentes de ler, tu lês de uma maneira eu leio de outra. Há muitas espécies de livros, há-os de poesia, de prosa. Vê lá que com os livros até podes fazer uma representação. Um livro é como um amigo! Ler é maravilhoso! Como a minha avó diz: “Ler é ver este e outro mundo.”.
- Ai é? Então para que serve a escola e essas coisas todas? - perguntou Layla.
Leandro deu um pulo de admiração:
- Então como é que tu queres ser alguém na vida, ou seguir uma boa profissão sem aprenderes Matemática, Língua Portuguesa e outras disciplinas? Tens que estudar e melhorar as notas, Layla.
- Vou pensar nisso! Bem… tenho que ir! Adeus!
Layla esteve toda a noite a pensar no que Leandro lhe tinha dito, até sonhou com isso!
Quando acordou foi tomar o pequeno-almoço e começou logo a estudar. A mãe chegou a casa da sua viajem e quando viu a filha perguntou cheia de espanto, mas também alegria:
- Estás a estudar?
- Sim, aprendi uma lição muito importante, devemos estudar e ler para podermos ter uma boa profissão.
A partir daí o dicionário de Layla encheu-se de outras palavras importantes e com essas palavras também a alegria, o amor, o respeito e a esperança passaram a fazer parte do seu coração.
E foi assim que tudo se passou. Actualmente Layla é pediatra, já é adulta e tem uma vida normal e feliz, e transmite sempre a mensagem que Leandro lhe havia transmitido, aos filhos e pacientes para um dia, também eles seguirem por bons caminhos.
Faz como a Layla, se queres ser alguém no futuro.

Bruno Antunes, Soraia Carvalho, Patrícia Peres (7º A) e Inês Gaspar (6º A)


Semana nacional de Leitura - 05/03/2009